Um jornal que cede a uma pressão cede a todas. O caminho é manter inviolável o compromisso com a verdade; só isto pode tornar um jornal mais prestigiado, aceito e, portanto, lucrativo. Um grande jornal deve comportar-se sempre como se fosse um pequeno jornal. Não apenas por uma questão de humildade, mas também em função da preservação de seus princípios. "Alberto Dines"
Quando paramos pra pensar na importância que nossa profissão tem perante a sociedade também questionamos de que forma o jornalismo exerce, de fato, seu papel social, que é o de informar seu público. Entretanto, os conteúdos veiculados nos meios de comunicação são fruto do mercado capitalista e, a partir daí, remete-se a outra questão: a ética no jornalismo.
Ao que se entende por ética, cabe dizer que refere-se a ações de indivíduos de forma não isolada, mas em convívio na sociedade. E este preceito também é levado em consideração quando se trata do jornalismo, pois o trabalho deste é realizado partindo de princípios que muitas das vezes são deixados de lado para que se consiga atingir um tão esperado lugar de destaque proporcionado pelo mundo capitalista em que vivemos.
Em nota divulgada na Agência Educa Brasil, Eugênio Bucci diz que “antes, tínhamos uma reunião de cidadãos, dentro dos ideais democráticos. Agora, essa reunião transformou-se num amalgama gigantesco formado pelos sujeitos enquanto consumidores”. E é notável o papel que a mídia desenvolve, na sociedade, influenciada pelo mercado capitalista e consumista de hoje. A disputa entre os veículos pelo melhor espaço, a tentativa em ser sempre o primeiro a divulgar os “furos” gera a falta de compromisso real com o cidadão que receberá a notícia. Segundo Bucci (2000), “o Jornalismo é conflito”, um conflito entre ética e etiqueta.
É notável a elegância em que os profissionais em comunicação se encontram. Entretanto, “de que adiantam equipes de repórteres de fino trato se o dono da rede de televisão põe a emissora a serviço de seu candidato a Presidência da República, distorcendo os fatos?”, diz Bucci. Ainda questiona “para que tanto cuidado na hora de investigar a privacidade de um senador, se não há o mínimo de respeito para com os empregados que, detidos como suspeitos por um delegado na periferia, são interrogados diante das câmeras como se fossem autores de crimes hediondos?”. Esta é a problemática levantada por ele: “como pode a imprensa fiscalizar o poder se ela se converteu num negócio transnacional, ologopolizado em conglomerados da mídia que trafica influência junto ais governos para conseguir mais concessões de canais e mais facilidade de financiamentos públicos?”.
A preocupação cada vez maior com o capitalismo faz com que o jornalismo não tenha mais a credibilidade de antes. Transformado em meio de lucro, perdeu o compromisso exclusivo em informar, e se distancia cada vez mais do papel para o qual destinava-se. A imparcialidade e o distanciamento da opinião “pessoal” do jornalista são questionados. O jornalista deixa de desempenhar sua função social e até profissional porque está motivado por promoções em sua carreira, distanciando-se do seu dever social. Hoje, preocupa-se mais na forma como o veículo será visto no mercado em oposição à forma como era visto unicamente se tratando de informação. “A ética jornalística não se resume a uma normatização do comportamento de repórteres e editores; encarna valores que só fazem sentido se forem seguidos tanto por empregados da mídia como por empregadores – e se tiverem como seus vigias os cidadãos públicos” (BUCCI, 2000).
Mais do que simples regras, a ética jornalística compõe-se de “decisões individuais dos jornalistas, [...] é um modo de pensar que, aplicado ao jornalismo, dá forma aos impasses que requerem decisões individuais e sugere equações para resolve-los” (BUCI, 2000).
Referências citadas:
BUCCI, Eugênio. O desenvolvimento dos meios de comunicação. In.: Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das letras, 2000.
MATTOS, Sérgio. Mídia controlada. São Paulo: Paulus, 2005.
MENEZES, Ebenezer. Educação e jornalismo: função comercial ou política? Agência EducaBrasil. Disponível em: http
RAMOS, Clayton. Papel social do jornalista – Está tudo escrito, falta a prática. Observatório da Imprensa. Disponível em:
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