Considerações entre as duas teorias - análise
Na produção social da própria existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade; estas relações de produção correspondem a um grau determinado de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. A totalidade dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência.
Em certa etapa de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes, ou, o que não é mais que sua expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das quais elas se haviam desenvolvido até então.
Do mesmo modo que não se julga o indivíduo pela idéia que faz de si mesmo, tampouco se pode julgar tal época de transformação pela consciência que ela tem de si mesma. É preciso, ao contrário, explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas sociais e as relações de produção.
Partindo da teoria sociológica clássica de Marx e Durkheim, podemos identificar uma corrente caracterizada pela busca da construção de conceitos universais, abstratos e formais, portadores da ambição de poder explicar a totalidade dos fenômenos presentes na realidade social.
Os indivíduos em Marx assumem um ideal de racionalidade que expressaria uma racionalidade desejada para toda a sociedade: Em lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e antagonismos de classe, haverá uma associação na qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos.
O ponto de vista da teoria marxista assume a existência de obstáculos, como a falsa consciência ideológica, para que os homens possam "enxergar a verdade" que já estaria inscrita na sociedade, sendo necessária a superação da alienação para a tomada de posição frente ao devir inevitável da derrubada da burguesia pelo proletariado e o fim da sociedade capitalista.
Nesses pressupostos da teoria marxista encontramos, então, um indivíduo que está sempre à procura da auto-realização, o que já delineia um ideal não explicitado e surge como sendo um pressuposto necessário: aqueles que não se enquadram nesse pressuposto seriam os que ainda permanecem na alienação. Partir desses pressupostos implica não partir diretamente da realidade, mas de um valor atribuído a ela, que transforma um "dever ser" em ontologia.
Da mesma forma, trata-se de uma perspectiva que ambiciona a possibilidade da captação do objeto da realidade social em sua totalidade, correndo os riscos tanto da incompletude quanto da tendência de subjetivação dessa realidade.
Também em Durkheim, encontramos o interesse no estabelecimento de leis gerais para a análise do social, ainda que numa perspectiva bastante diferente daquela de Marx, pois, se este pensava a sociedade capitalista como uma etapa da história humana destinada a ser superada, aquele desejava a clarificação de seu funcionamento para possibilitar sua manutenção e aperfeiçoamento.
Para Durkheim, é na sociedade que se encontra a "verdade" da realidade, e é no entendimento de seus mecanismos que a sociologia será capaz de encontrar as regras para lidar com este real, devendo, pois, "desvendá-lo".
A partir da idéia de que os fatos sociais são dados na realidade, Durkheim pretende construir um método capaz de identificá-los, classificá-los e assim poder agir sobre eles de maneira absolutamente científica, com um rigor e precisão análogos aos procedimentos das ciências naturais.
terça-feira, 17 de março de 2009
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